Prof. Marco Nunes
Editor do Nerd Cursos - Biologia
Um portal de materiais de estudos para o Enem e vestibulares
Vitória da Conquista - Bahia - Brasil
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ROTEIRO DO PODCAST
18 – A evolução Antes de Darwin II: Criacionismo, Fixismo e Finalismo Biológicos.
¯Música de Abertura: Pearl Jam – Do The Evolution
Olá estudantes! Sou o professor Marco Nunes e este é o podcast do Nerd Cursos, um portal de materiais de apoio ao estudo para o Enem e vestibulares. Neste episódio, tratarei novamente sobre a evolução dos seres vivos antes de Darwin, o naturalista inglês que em meados do século XIX, revolucionou a ciência, ao propor que os seres vivos possuíam uma origem em comum, que as espécies sofriam modificações no decorrer do tempo, por um processo de seleção natural, que privilegiava a sobrevivência e reprodução dos mais aptos, podendo dar origem a novas espécies. No podcast 9, tratei do assunto na visão de vários filósofos gregos. Neste episódio, vou dar um salto na linha do tempo, indo para os séculos XVII e XVIII, alguns anos antes do nascimento de Charles Darwin para ver como o assunto estava sendo tratado.
U Sinal de início da aula
¯Pouco antes de Darwin ter nascido, predominava na cabeça das pessoas a ideia que o mundo natural tinha origem divina. Vamos a esta visão, ouvindo ao fundo o músico alemão Frank Nimsgern com a música Hexengenesis.
No começo nada existia, a não ser Deus, que sempre existiu. A terra era vazia e sem forma. Havia só a escuridão. Então Deus disse: "Haja luz." E a luz passou a existir. Deus chamou a luz de dia, e a escuridão de noite. E houve noite e manhã no primeiro dia. No segundo dia, Deus criou as águas dos oceanos, mares e lagos sob o firmamento. E houve noite e manhã no segundo dia. No terceiro dia, Deus disse, “haja uma parte seca de terra. ” E assim aconteceu. Deus também ordenou que a vegetação aparecesse. E houve noite e manhã no terceiro dia. Então deus criou o sol, a lua e infinitas estrelas. E houve noite e manhã no quarto dia. As criaturas do mar, os peixes e os pássaros foram os próximos na lista de Deus. E houve noite e manhã no quinto dia. Depois disso, Deus ordenou que a terra tivesse todos os tipos de animais. E Deus também criou o homem, a sua imagem e semelhança e achou que não era bom que ele ficasse sozinho. Então, Deus fez Adão cair em sono profundo e removeu dele uma costela e dela fez a mulher. E houve noite e manhã no sexto dia. Então Deus abençoou o sétimo dia dedicando-o ao descanso.
¯Ouvimos a baiana Margareth Menezes interpretando Foi Deus Que Fez Você. Agora vamos com ouvindo a música Our Destiny do compositor norueguês Thomas Bergensen.
O texto narrado é uma adaptação da visão bíblica da criação do mundo, uma visão criacionista, que nos séculos XVII e XVIII era muito popular, não somente por questões religiosas, mas também por interferência do pensamento filosófico de Platão e Aristóteles, refletida em duas doutrinas das ciências naturais da época, o fixismo e finalismo biológicos.
O fixismo biológico era uma doutrina que propunha que todas as espécies foram criadas tal como são por um poder divino e permaneceriam assim, imutáveis, por toda sua existência, sem que jamais ocorressem mudanças significativas na sua descendência. O fixismo biológico estava em concordância com o a teoria das ideias de Platão, que afirmava que a verdade era uma só e eterna, não mudando no decorrer dos tempos, apesar de nossos sentidos, as vezes nos mostrarem o contrário. Vamos a um exemplo biológico, o homem observava no meio físico diversas formas de cavalos, mas estas variabilidades deveriam ser desprezadas, pois, seriam uma ilusão dos sentidos ou cópias imperfeitas das formas essenciais que existiriam em um plano não físico, o mundo perfeito das ideias.
O finalismo biológico, também denominado de teleologia, era uma doutrina que identificava a presença de metas, fins ou objetivos últimos guiando a natureza, considerava a finalidade como o princípio explicativo fundamental na organização e nas transformações de todos os seres. O finalismo biológico se inspirou no finalismo de Aristóteles que defendia que a natureza tinha uma finalidade e que cada traço específico de um ser vivo existia para cumprir uma determinada função. “A natureza nada faz em vão”, observava Aristóteles. Como Platão, Aristóteles também tinha uma visão essencialista da natureza, ao concordar com o conceito das formas eternas. Os cavalos, por exemplo, sempre teriam uma forma típica reconhecível, mas discordava de Platão, ao defender que esta forma seria um conceito produzido pelo próprio homem ao observar os diferentes tipos de cavalos no meio natural. Cada cavalo teria um conjunto de características que o faria ser reconhecido como tal. Aristóteles observou a natureza e ordenou-a em categorias, por exemplo, reino mineral, reino vegetal, reino animal e ser humano. Aristóteles inaugurava assim as bases da sistemática, ciência que se ocupa da classificação dos seres vivos.
¯Estamos ouvindo Zé Ramalho interpretando O Homem Deu Nome A Todos Animais, uma versão de uma música de Bob Dylan.
Um exemplo da influência de Platão e Aristóteles na biologia do século XVIII é vista na obra do naturalista Carl Linneu, um criacionista-fixista convicto, que elaborou um sistema de classificação baseado na forma dos seres vivos mais de dois mil anos depois do sistema aristotélico. Lineu também instituiu a nomenclatura binomial para a identificação das espécies, ou seja, o uso de dois nomes. O primeiro nome da espécie seria o gênero que correspondia às essências imutáveis, criadas por Deus. Seriam entidades essenciais, como as formas platônicas ideias, que caberia ao taxonomista descobrir. Já as espécies seriam as variações sobre a forma ideal.
A influência de Aristóteles também pode ser sentida na obra de Willam Paley, um naturalista inglês, que no começo do século XIX, publicou uma influente obra, a Teologia Natural, onde, utilizou a famosa analogia do relojoeiro ou argumento do desígnio, um conhecido argumento criacionista que defendia que tudo no universo, inclusive os organismos vivos e suas estruturas possuem um fim em si, planejado e determinado por uma inteligência superior divina, um relojoeiro do universo, Deus.
Portanto, vemos que pouco antes do nascimento ou da publicação da obra evolucionista de Charles Darwin o que predominava na cabeça do homem comum e de muitos estudiosos era a visão de um mundo vivo de origem divina e imutável, reflexo da perfeição de Deus que planejou tudo com um propósito a ser seguido, cabendo ao homem descobrir qual era e não questionar.
¯Ouvindo Nascemos Pra Cantar de Chitãozinho e Xororó, o podcast acaba por aqui, mas nossa interação pode continuar em www.nerdcursos.com.br/podcasts. Lá tem o roteiro do programa, links e meios de alimentar o podcast com dúvidas e comentários, que podem dar origem a outros programas.
Participaram deste episódio, na abertura a banda Pearl Jam com a música, Do The Evolution, Frank Nimsgern, Margareth Menezes, Thomas Bergensen, Zé Ramalho, Xitãozinho & Xororó e eu, o professor Marco Nunes, que crio os meus podcasts com um claro propósito, ajudar na sua aprovação no Enem e Vestibulares.
E para terminar, uma frase de Aristóteles:
“O conhecimento é o ato de entender a vida.”
Sinal de final da aula.