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Prof. Marco Nunes

Editor do  Nerd Cursos - Biologia

Um portal de materiais de estudos para o Enem e vestibulares

Vitória da Conquista - Bahia - Brasil

Contato: profmanunes@gmail.com

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ROTEIRO DO PODCAST

14 – Memória e Aprendizado

¯Abertura: Foster the People – Pumped Up Kicks.

Olá estudantes! Sou o professor Marco Nunes e este é o podcast do Nerd Cursos, um portal de materiais para o estudo para o Enem e vestibulares. Hoje, o tema é o sistema nervoso, a memória e o aprendizado.

 

¯Começamos o assunto ouvindo o pianista japonês Yioruma, com River Flows in you e com uma reflexão do neurobiologista, van Antonio Izquierdo.

 

“O tempo flui, como um rio, aquele ao qual Heráclito disse que não podemos entrar duas vezes. Há, basicamente, duas maneiras de conceber o fluxo do tempo: desde o passado em direção ao futuro, ou desde o futuro em direção ao passado. Nos dois casos, o fluxo nos atravessa num ponto, que denominamos presente. Um ponto não tem superfície nem volume; é intangível e fugaz. É curioso que, em ambas concepções do tempo, [...] sejam consequências de algo quase imaterial como é o presente; de um simples ponto. Esse ponto evanescente, porém, é nossa única posse real: o futuro não existe ainda e o passado não existe mais, salvo sob a forma de memórias. Não há tempo sem um conceito de memória; não há presente sem um conceito do tempo; não há realidade sem memória e sem uma noção de presente, passado e futuro. [...] Memória é nosso senso histórico e nosso senso de identidade pessoal, sou quem sou porque me lembro quem sou.”

 

Sinal de início da aula

 

¯Estamos ouvindo, André Rieu e a Orquestra Johann Strauss interpretando Memory.

Memória é o armazenamento e a evocação de informação adquirida no passado através de experiências. Evocar é lembrar. A aquisição de memórias denomina-se aprendizado. Memória e aprendizado são propriedades básica do sistema nervoso; não existe atividade nervosa que não as incluam ou não seja por elas afetadas. Aprendemos a caminhar, pensar, amar, imaginar e criar. Nossa vida depende que reconheçamos situações como familiares e reajamos a elas com precisão e rapidez. Vamos a um exemplo. Você é colocado em um quarto vazio. No chão, há uma vela, caixa de fósforos com palitos, dois pregos e um martelo. Nada mais. Você tem uma tarefa. Deixar a vela acesa a cerca de uma metro e meio de altura, usando todos os objetos. Como faria isso? Vou te dar um tempo. Foi difícil? Você deve ter gasto algum tempo, mas logo percebeu que se fixasse os dois pregos na parede com o martelo, ambos na mesma altura, separados por uma distância que fosse possível apoiar a caixa de fósforos, e em seguida, acendesse a vela com um dos palitos, era só apoiar a vela sobre a caixa. Pronto! Se você tivesse que fazer novamente, executaria a tarefa mais rápido, pois, teria memorizado o processo.

 

¯Agora ouvimos The Cello Song com The Piano Guys.

 

Os mecanismos da memória e do aprendizado são complexos e a ciência tem muito mais dúvidas do que certezas sobre o assunto. Mas, mesmo assim, consegue nos dar algumas dicas importantes. Para isto, vamos a uma noção do funcionamento do sistema nervoso, particularmente, do sistema nervoso somático. Tudo começa com células sensoriais monitorando o ambiente. Geralmente, são neurônios. Agora por exemplo, seus ouvidos estão captando informações quanto a duração, intensidade, altura e timbre da minha voz e captando da música informações quanto a melodia, harmonia e o ritmo. Ao mesmo tempo, células na retina dos olhos captam informações visuais. A pele detecta vibrações, tato, pressão e variações de temperatura. As articulações, possuem sensores de posição que monitoram se elas estão dobradas ou não. Nos músculos se estão contraídos ou relaxados. No nariz células sensoriais percebem cheiros e na língua substâncias químicas nos alimentos e nos líquidos. Todas as células sensoriais estão de prontidão para captar informações ao mesmo tempo o tempo todo. Os estímulos ambientais geram uma variação elétrica e as células sensoriais começam a conduzi-las em direção ao sistema nervoso central, tendo como destino final o encéfalo. A corrente elétrica conduzida é chamada de impulso nervoso. Quanto ao encéfalo, ele é a parte do sistema nervoso central encontrada no interior do crânio. É formado por vários componentes, sendo o principal, o cérebro. O cérebro é dividido em dois hemisférios, o direito e o esquerdo. Cada um, subdividido em vários lobos. Na periferia dos hemisférios cerebrais, há uma área com bilhões de neurônios se conectando uns aos outros. Esta região, é o córtex cerebral e a comunicação entre eles são as sinapses nervosas. As informações captadas pelas células sensoriais são enviadas ao córtex cerebral, onde podem se tornar conscientes, processadas e a partir daí planejadas respostas apropriadas. Se você percebe que o volume do som do celular que você escuta o podcast está muito alto, você usa as mãos para abaixar o volume. Este simples ato, envolve a coordenação sincronizada de dezenas de músculos. O cérebro dá conta de tanta informação e coordenação, pois ele é zoneado, possuindo diferentes áreas funcionais. Uma área recebe informações da pele, articulações e músculos, com subáreas representativas para as diferentes partes do corpo. E dentro de cada subárea, uma específica para cada tipo de sensação. De forma parecida, há áreas específicas para receber informações visuais, sonoras, olfativas e gustativas. Há também uma grande área para a coordenação motora, com subpartes para coordenar grupos musculares de cada parte do corpo. As áreas sensitivas e motoras são comunicantes, e assim, frente a um estímulo podemos emitir uma resposta apropriada. Só um detalhe, as informações captadas na pele, articulações e músculos em um lado do corpo são enviadas ao hemisfério cerebral oposto a este lado e o este hemisfério coordenará os músculos do lado aposto do corpo.

 

¯E a memorização? Vamos a ela! Acompanhados do quarteto de cordas norte americano Wedding String interpretando Canon in D de Johann Pachelbel.

 

Quando os impulsos nervosos chegam ao cérebro, eles são direcionados para uma região chamada córtex entorrinal, que age como um filtro, selecionando informações que serão enviadas à outra parte do sistema nervoso, o hipocampo. Caberá ao hipocampo comparar as informações recebidas com memórias preexistentes, perceber a situação ambiental em que ocorreram e interpretar se são novas ou não. Se forem, deverão ser memorizadas. O hipocampo não armazena informações, mas sim, seleciona o que deve ser memorizado. Pessoas com lesões no hipocampo podem não consolidar a memória recente. Por exemplo, ela almoça, e alguns minutos depois não se lembra mais disto. Em condições normais, quando o hipocampo interpreta uma situação como nova, ele ativa órgãos nervosos chamados amígdalas, através da liberação de neurotransmissores do tipo beta endorfinas. A ativação das amígdalas é essencial para a consolidação das memórias. Atenção! Vou dar três dicas práticas. Manuais de estudo sugerem que você tenha um local específico de estudo, confortável, sempre muito bem iluminado e silencioso. Tudo sempre igual. Talvez, isto não seja muito bom! Por dois motivos. Primeiro, imagine que você estudou naquele ambiente padronizado e ideal e no dia da prova do vestibular ela ocorre em um ambiente completamente diferente. Segundo, se você variar com frequência o local e as condições de estudo, o hipocampo detectará isto como novas experiências e elas são armazenadas com maior eficiência. É assim, que funciona a lógica cerebral, o que é novo deve ser armazenado. A terceira dica, é quanto ao neurotransmissor beta endorfina. Sua produção aumenta entre três e dez vezes durante atividades físicas, como musculação e exercício aeróbico de longa duração, uma pedalada, por exemplo. Portanto, atividades físicas são benéficas para o aprendizado, pois ativam mais as amígdalas responsáveis pela consolidação das memórias. Depois de passar pelas amígdalas, as informações nervosas são reenviadas para diferentes áreas da rede neural dos dois córtex cerebrais, para serem armazenadas, especialmente, no córtex pré-frontal. O armazenamento, se dá ativando um conjunto específico de neurônios. Toda vez que você receber uma informação semelhante, a mesma rede tende a ser utilizada. Para facilitar a compreensão, vamos a uma metáfora. Imagine a rede de neurônios corticais como sendo uma série de lâmpadas de decoração de natal. Acesas de forma seletiva, formam um desenho de um papai Noel, acesas um outro conjunto, desenham um boneco de neve. Quando um conteúdo é entendido como novo, uma parte específica da rede neural é ativada pela primeira vez e nela a comunicação entre os neurônios é a princípio muito fraca. Então, um modo de fortalece-la é repetir várias vezes o contato com a assunto, facilitando sua ativação no futuro. Mas dentro desta dica, coloco outra. Já expliquei, que situações novas são armazenadas com mais eficiência, então, que tal fazer assim, ter um primeiro contato com um conteúdo com a aula do professor. Algum tempo depois com um livro. Depois de alguns dias, com um documentário. Você também pode estudar resolvendo questões que te proponham problemas usando aquele conteúdo em diferentes contextos. A diversidade vai favorecer a consolidação das memórias e, portanto, do aprendizado e sua recuperação. É! estudar com eficiência é uma tarefa que demanda dedicação.

 

Com esta introdução sobre o assunto o podcast acaba por aqui. Mas no próximo programa, continuarei com o mesmo tema, com outros detalhes e dicas. Não esqueça, que nossa interação pode continuar em www.nerdcursos.com.br/podcasts. Lembre-se, que lá você pode ler o roteiro do programa e alimentar o podcast com dúvidas e comentários, que ajudarão a consolidar o assunto.

Participaram deste episódio: na abertura, Foster the People com Pumped Up Kicks, durante o programa Yioruma, André Rieu, a orquesta Johann Strauss, The Piano Guys, o quarteto de cordas Wedding String, o neurobiologista van Atonio Izquiedo e eu, o professor Marco Nunes, sempre te estimulando com novas visões, mídias e em locais diferentes.

 

E para terminar, uma frase do neurobiologista  van Antonio Izquierdo:

 

“Não sei se vivemos para ser felizes, sei que não vivemos sem aprender, e que quando deixamos de fazê-lo estamos mortos, ainda que continuemos caminhando. ”

 

Sinal de final da aula.  

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