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Prof. Marco Nunes

Editor do  Nerd Cursos - Biologia

Um portal de materiais de estudos para o Enem e vestibulares

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ROTEIRO DO PODCAST

20 – O Mundo Grego: Atenas

¯Música de Abertura: Muse – Supremacy (versão instrumental)

 

Olá estudantes! Sou o professor Marco Nunes e este é o Podcast do Nerd Cursos, um portal de materiais de apoio ao estudo para o Enem e vestibulares. Hoje o assunto é histórico, é sobre o mundo grego, em especial sobre a cidade-estado de Atenas.

 

Hoje a Grécia é um país localizado as margens do mediterrâneo. Mas na antiguidade, chegou a ser uma região bem mais ampla. Inicialmente, os gregos viviam em uma área restrita da Península Balcânica de relevo muito acidentado, clima rigoroso e com poucas terras férteis. Sendo difícil sustentar a população ocorreram migrações para a região do Peloponeso e Ática, na atual Grécia, para a Jônia, atual Turquia, para ilhas do mar Egeu, como Creta, Rodes e Lesbos, para a Magna Grécia, atual Sicília e Itália e para o litoral do mediterrâneo ocidental, nas atuais França e Espanha. O isolamento das ilhas e o relevo acidentado no continente dificultaram a integração dos povoamentos, contribuindo para a formação de várias cidades-estados, chamadas em grego de Pólis, que embora falassem a mesma língua e compartilhassem valores culturais e religiosos eram administrativamente autônomas. Entre as mais de duzentas cidades-estados gregas que existiram, se destacaram Atenas, Esparta, Corinto e Tebas. Neste podcast tratarei sobre Atenas.

 

Sinal de início de aula  

 

Na antiguidade Atenas foi uma monarquia, uma aristocracia, uma democracia e um território ocupado por espartanos, macedônicos e romanos. Sobre o período monárquico, pouco se sabe, porém, a partir do século IX até o século no século VI antes de Cristo, Atenas foi governada por uma aristocracia rural, os Eupátridas, ou bem-nascidos, que possuíam as melhores terras e a autoridade sobre a população. Os Eupátridas governavam através de dois magistrados responsáveis por coordenar os exércitos, os polemarcas, e por nove arcontes para outros assuntos. Os arcontes eram eleitos a cada ano, entre os eupátridas e por eles. Também havia um conselho, o Areópago, que aplicava a justiça baseado em um código oral de leis de acordo com os interesses da aristocracia. Atenas estava inserida em uma área de relevo acidentado, solo pouco fértil, sendo incapaz de alimentar sua população. As colinas favoreciam o plantio de oliveiras e uvas, mas não o de cereais como o trigo e a cevada. Possuía muitas minas de prata e estava estrategicamente próxima as margens do mar Egeu, o que lhe permitiu destaque em atividades comerciais, fundando muitas colônias. O comércio, enriqueceu comerciantes e artesões que passaram a reivindicar direitos políticos. Camponeses e a maioria da população urbana, viviam na extrema pobreza e acabavam se endividando e sendo condenados a escravidão quando não conseguiam saldar suas dívidas com os Eupátridas. Os privilégios dos Eupátridas sobre o restante da população geravam uma constante tensão e ameaças de revoltas comuns.   

 

Visando diminuir as tensões, destacou-se o trabalho legislativo de três arcontes atenienses, Drácon, Sólon e Clitenes. Drácon no século VII elaborou um código de leis escritas, que pode ser considerada a primeira constituição de Atenas, que passou a guiar os julgamentos no Areópago. Lembre-se, que antes as leis eram orais. O código de Drácon era muito severo, onde para quase todas os crimes era aplicado a pena de morte. Apesar da severidade, o código criminal de Drácon era imparcial, constituindo o primeiro passo para diminuir os privilégios dos eupátridas. Mas o clima de revolta não diminui. No final do século VI, o código de Drácon foi reformulado por Sólon, que frente uma eminente revolução. Sólon é considerado o fundador da democracia ateniense.  Libertou e anistiou camponeses, proibiu a escravidão por dívidas, além de realizar uma reforma agrária que colocou limites ao tamanho das grandes propriedades. Sólon reformou a divisão das classes sociais, vinculando direitos políticos às fortunas, o chamado voto censitário, e não mais ao privilégio de sangue ou às ligações familiares. Reformulou a Eclésia e criou a Bulé. A Eclésia era uma assembleia popular aberta aos cidadãos ateniense, ou seja, os homens, maiores de vinte anos, que tivessem prestado pelo menos dois anos de serviço militar, que fossem nascidos em Atenas e fossem filhos de pais atenienses. A Eclésia era uma forma de democracia direta. Já a Bulé, era um conselho que organizava os trabalhos da Eclésia. A bulé era constituída por 400 membros escolhidos anualmente por sorteio, entre cidadãos com mais de trinta anos de idade. Apesar da implantação das mudanças legais de Sólon, Atenas foi dominada por governos tirânicos, ou seja, centralizadores. Mas entre eles, o tirano Pisístroto contribuiu para a diminuição das desigualdades econômicas, confiscando terras dos eupátridas e as distribuindo entre os pequenos proprietários de terras, concedendo empréstimos agrícolas e estimulando as construções navais. Sob o governo de Pisístroto, Atenas tornou-se uma potência marítima e teve grande crescimento comercial. Mas após sua morte, os dois filhos, Hiparco e Hípios, assumiram o poder. Hiparco foi assassinado em uma conspiração e Hípias realizou um governo muito repressivo e foi deposto e exilado. Então, ocorreu a ascensão de Clitenes, que fez novas reformas, visando a diminuição da influência dos Eupátridas, como a divisão da população ateniense em 10 tribos. Cada tribo escolhia anualmente 50 representantes para defender seus interesses em um conselho, chamado de conselhos dos 500. Cada cidadão poderia participar do conselho ao longo da vida no máximo duas vezes. O conselho dos 500 era uma modificação da Bulé. Clístenes também criou o Ostracismo, procedimento em que os atenienses podiam votar para que um indivíduo fosse exilado da cidade, por 10 ano, caso sua presença fosse considera uma ameaça à liberdade dos cidadãos. A democracia ateniense, diminui as desigualdades perante a lei, deu maior liberdade de expressão e poder de decisão aos cidadãos. Incentivou o comércio colocando Atenas em um período de grande desenvolvimento, não só econômico, mas também cultural.

 

Mas no começo do século V, a Grécia foi invadida pelos persas, começavam as Guerras Médicas. Os persas eram um império unificado, que se estendia do Egito à Índia, com uma população estimada em 70 milhões de habitantes. Possuía um grande exército, bem diversificado em armamentos e táticas, com destaque aos imortais, soldados persas muito bem treinados. Ao contrário da Pérsia, a Grécia era um conjunto de cidades-estados independentes que viviam em constante rivalidade. Cada cidade tinha seu próprio exército e organização política, variando da oligárquica conservadora Esparta até a democrática Atenas.  Apesar das rivalidades, as pólis gregas eram capazes de se unir para se defender de um inimigo comum. As Guerras Médicas foram divididas em dois períodos. A primeira guerra médica foi liderada pelo persa Dário I e a batalha decisiva ocorreu na cidade de Maratona, onde, mesmo em desvantagem numérica os o exército grego, liderado pelo Ateniense Melcíades, venceu. A segunda guerra médica, ocorreu dez anos depois. O exército persa liderado por Xerxes, filho de Dário, invade a Grécia, mas encontra os gregos muito mais organizados através da Liga de Delos, uma confederação de polis gregas que tinha como objetivo a defesa comum. Os persas foram novamente derrotados, na batalha naval de Salamina.

 

Com o final das guerras médicas, os gregos, especialmente Atenas, alcançou a hegemonia militar e comercial no mediterrâneo.  Com a riqueza gerada pelo comércio e pelas contribuições financeiras da Confederação de Delos, Atenas atingiu seu auge no século V, a chamada era de Ouro ou século de Péricles. Sob o governo de Péricles a democracia ateniense foi aprimorada. A Eclésia passou a aprovar todas as decisões relativas aos assuntos políticos. As solicitações da Eclésia eram enviadas a Bulé, onde eram comentadas e modificadas, mas eram reenviadas para a Eclésia para serem aprovadas. Os cidadãos passaram a ter três direitos essenciais: liberdade individual, igualdade com relação aos outros cidadãos perante a lei e o direito de falar na Eclésia, e como deveres tinham que se submeter-se às leis, sob pena de sofre punições previstas. Os executores das leis eram magistrados eleitos pela Eclésia ou indicados por sorteios. No governo de Péricles foi instituído a Helieia, um tribunal popular, coordenado por um magistrado e constituído por quinhentos e um cidadãos sorteados instantes antes do julgamento que agiam como jurados. Os jurados eram chamados Heliastas. O Aerópogo, ainda funcionava, mas sua importância foi bastante reduzida. Péricles, reconstruiu Atenas, devastada pelos persas, coordenando a construção de diversos edifícios monumentais, como o Parthenon, templo em homenagem a deusa Palas Atenas, divindade defensora da cidade. Foi durante o governo de Péricles que a cultura ateniense começou a se destacar atraindo as melhores cabeças pensantes para educar os futuros cidadãos. A educação era obrigatória aos rapazes, entre os quatorze e dezoito anos. Eles aprendiam boas maneiras, leitura, escrita, canto e esportes. Aos dezoito anos ocorria a educação militar obrigatória. A educação tinha o objetivo de formar cidadãos capazes de defender a cidade e /ou cuidar dos assuntos públicos, preparando-os para falar em público e expor ideias com clareza.  Os professores da classe cidadã eram os sofistas, pensadores que se apresentavam como mestres da oratória e da retórica e contestavam tudo e todos. Para os sofistas, o bom cidadão era persuasivo. Quem dominava a oratória ganhava qualquer discussão em uma assembleia na pólis. O clima de prosperidade atraiu vários filósofos do mundo grego para Atenas. A educação na cidade forma nesta época e em anos posteriores cidadãos muito eruditos como Xenofonte, Sófocles, Eurípedes, Sócrates, Platão, Aristóteles, entre muitos outros.

 

Atenas foi a maior beneficiária do poderio bélico da Liga de Delos, iniciando um período imperialista que não agradou as outras cidades-estados gregas, especialmente Esparta que criou a sua própria confederação, a Liga do Peloponeso, com o objetivo de lutar contra a liga de Delos. A Guerra do Peloponeso, é considerada uma guerra civil do mundo grego. Durou 27 anos e terminou com a vitória espartana sobre Atenas na batalha de Egospótamos. Atenas foi submetida a um governo de ocupação autoritário, conhecido como a Tirania dos Trinta, que foi uma centralização do poder em trinta magistrados nomeados pela Eclésia para escrever uma nova constituição, sob a supervisão espartana. A guerra do Peloponeso continuou mesmo após a derrota de Atenas. Os espartanos mantiveram sua hegemonia em Atenas por cerca de 15 anos, quando os atenienses expulsaram os trinta tiranos e reestabeleceu, parcialmente o seu regime democrático, mas sem recuperar o esplendor dos tempos de Péricles. A guerra do Peloponeso enfraqueceu o mundo grego militarmente e economicamente e no começo do século IV a região foi invadida por Felipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande. Alexandre confiscou a independência das cidades gregas, não permitindo mais a existência de exércitos e de política externa autônoma, entretanto, permitiu que cada uma delas mantivesse sua própria constituição. A partir do século II a região foi dominada pelos romanos que gradualmente foi modificando as instituições das cidades gregas.

 

 

O podcast acaba por aqui, mas nossa interação pode continuar em www.nerdcursos.com.br/podcasts. Lá tem o roteiro do programa, um link com a trilha sonora e meios de alimentar o podcast com dúvidas e comentários, que podem dar origem a outros programas.

 

Participaram deste episódio, a banda de rock alternativo Britânica Muse, a banda Grega Daemonia Nymphe e a búlgara Irfan com músicas inspiradas em temas da antiguidade, Tyler Bates músico americano que compôs várias trilhas sonoras de filmes, como a de 300, e eu, o professor Marco Nunes, distribuindo democraticamente, para quem quiser ouvir, os meus podcasts.

 

E para terminar uma frase de Sólon, o legislador, considerado o pai da democracia ateniense:

 

“As leis são como as teias de aranha que apanham os pequenos insetos e são rasgadas pelos grandes. ”

 

Sinal de final da aula.

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