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Prof. Marco Nunes

Editor do  Nerd Cursos - Biologia

Um portal de materiais de estudos para o Enem e vestibulares

Vitória da Conquista - Bahia - Brasil

Contato: profmanunes@gmail.com

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ROTEIRO DO PODCAST

19 – A peste de Londres

¯Música de Abertura: Jack Johnson - Fragments

 

Olá estudantes! Sou o professor Marco Nunes e este é o podcast do Nerd Cursos, um portal de materiais de apoio ao estudo para o Enem e vestibulares. Hoje o assunto é a grande peste de Londres, que em 1665, dizimou um quarto da população da cidade.

 

Vou contextualizar o assunto com um relato baseado no livro: Diário do Ano da Peste, publicado em 1722, por Daniel Defoe, jornalista e escritor inglês que se tornou famoso pelo livro Robson Crusoé.

 

LONDRES, 1665.

 

A cidade encontrava-se mergulhada no caos, milhares de pessoas fugiam da cidade desordenadamente. Apavorados por uma peste que vitimava mais de 1700 pessoas por semana. As ruas tinham se tornado um cemitério a céu aberto com cadáveres abandonados por todos os lados. O cheiro repugnante da morte fluía no ar. Neste ano, mais de 100 mil londrinos pereceram a peste. A doença tinha início com o surgimento de dores na região das axilas e virilhas, que se tornavam inchadas, formando os bubões. Logo, o inchaço evoluía para feridas purulentas de odor forte. Então, a morte era questão de poucos dias. A doença foi chamada de peste bubônica ou peste negra.

A rudimentar medicina da época não compreendia as causas, a forma de transmissão e a maneira de curar os doentes. Na ignorância, médicos desesperadamente tentavam controlar a epidemia. Era comum a recomendação para se evitar os locais com os doentes e cadáveres, pois, se achava que a doença era transmitida pelos miasmas, ou seja, os odores exalados pelas vítimas. Receitas de perfumes eram prescritas para purificar o ar e proteger as pessoas sadias. Inútil, a mortalidade da doença não se alterava e muitos médicos também pereciam a peste. Uma guerra aos doentes foi declarada. Quando um novo caso ocorria, os infectados e as pessoas próximas eram confinadas em suas residências. Guardas garantiam a clausura. Nas portas grafava-se uma cruz e um pedido: “Senhor, tende piedade de nós”. Mas os clamores não eram atendidos e muitos acreditavam que a peste era um castigo de Deus contra os pecadores. Várias ações governamentais foram implementadas, como a coleta do lixo das ruas, o recolhimento dos cadáveres, a proibição de funerais, o rápido sepultamento dos mortos em valas coletivas, a proibição da criação de animais dentro da cidade, o controle da qualidade dos alimentos, sacrifício de gatos e cachorros, um programa de extermínio de ratos e a proibição de aglomerações da população. Os comerciantes foram orientados a só aceitar pagamentos exatos, para evitar o troco, e as moedas eram depositadas em potes com vinagre, e só depois manipuladas. Não se soube na época qual medida foi à responsável, mas algumas semanas depois os óbitos começaram a diminuir, e a população começou a retornar a Londres, mas a cidade havia perdido mais de 100 mil de seus 400 mil habitantes.

 

Sinal de início da aula

 

A peste negra não era uma novidade, ela foi considerada a causadora de duas grandes epidemias, antes da grande peste de Londres no século XVII, a peste de Justiniano que no século VI d.C. fez cerca de 100 milhões de vítimas na Europa, Ásia e África, considerada umas das causadoras da queda do império romano do oriente; e a peste negra que também se espalhou pela Europa no século XIV, vitimando de um terço da população europeia, cerca de 50 milhões de vítimas.

Hoje se sabe que a causadora da doença é a bactéria Yersinia pestis, transmitida ao ser humano através da picada de pulgas que parasitam ratos. Quando a população de ratos começa a morrer vitimada pela bactéria, as pulgas utilizam outras fontes de sangue, como o do homem. A pulga infectada fica com o sistema digestivo obstruído e regurgita no sangue humano, transmitindo a bactéria parasita. No homem, as bactérias atingem o sistema linfático e migram para os gânglios nas axilas, virilhas, pescoço e abdome, causando manchas negras e um inchaço que evolui para feridas purulentas. Além da transmissão pela picada dos insetos vetores, as bactérias podem ser transmitidas pelo contato físico de pessoas com ferimentos na pele com as secreções purulentas dos doentes e pelas secreções do sistema respiratório, sendo esta forma, chamada peste pneumônica primária, que infecta humanos e gatos que tossindo podem transmitir a bactéria pelo ar. No caso de Londres, no século XVII, o extermínio dos gatos pode ter agravado o quadro epidemiológico da doença, visto que os gatos são predadores naturais de ratos. Este fato, somado ao acumulo de lixo nas ruas das cidades europeias da época permitiram uma explosão populacional dos roedores, aumentando a gravidade da epidemia. Atualmente uma pessoa infectada é tratada com o uso de antibióticos, um tipo de medicamento que não era disponível no século XVII.

 

E hoje, será que a peste bubônica poderia produzir epidemias tão sérias como as do passado? Muitos diriam que dificilmente, pois o conhecimento biológico acumulado nos permite evitar as condições necessárias para a instalação da epidemia e o uso de antibióticos evitaria uma grande mortalidade. Mas há alguns riscos! No século XX, durante a Primeira guerra mundial, o exército do Japão desenvolveu a peste enquanto arma biológica, realizando a disseminação por pulgas contaminadas em populações civis de chineses e em prisioneiros de guerra na Manchúria. Durante a Guerra fria os EUA e a URSS desenvolveram cepas geneticamente modificadas da bactéria para a disseminação como aerossol pelo ar. Na década de 70 e 80 ocorreram epidemias regionais naturais em países asiáticos subdesenvolvidos. A peste negra continua em circulação, em 2015 foram registrados 15 casos e quatro mortes pela doença nos Estados Unidos.

 

O podcast acaba por aqui, mas nossa interação pode continuar em www.nerdcursos.com.br/podcasts. Lá tem o roteiro do programa, links e meios de alimentar o podcast com dúvidas e comentários, que podem dar origem a outros programas.

 

Participaram deste episódio, na abertura Jack Johnson  com a música Fragments, Clint Mansell com Lux Aeterna, Hans Zimmer com You´re so cool, Daniel Defoe e eu, o professor Marco Nunes, produzindo materiais para seu estudo para o Enem e vestibulares.

 

Sinal de final da aula.

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